Há cerca de dois anos, desde meados de maio de 2020, as máscaras de proteção se tornaram nossas companheiras na prevenção contra a contaminação pelo coronavírus. Uma das principais armas contra a covid-19, além da vacina, elas passaram a fazer parte do rosto no ambiente de trabalho, nos passeios, nos meios de transporte.

Neste período, há quem tenha sentido os efeitos do uso (como espinhas doloridas, pele irritada...) e até parado de cuidar desse pedacinho do rosto sob o tecido. "Alguns pacientes abandonaram o skincare ou reduziram o uso por causa dela, principalmente quando falamos em protetor solar", conta a dermatologista Valéria Campos.

Agora, com a flexibilização ou liberação do uso de máscaras em algumas partes do Brasil, é hora de retomar os cuidados com a pele da região e tratar as lembranças que ela deixou.

Questões de pele x uso de máscara

"Apesar de absolutamente necessária, não 'fomos feitos' para usá-la. Logo, a oclusão causada por ela surtiu efeitos, como o aumento da temperatura e da umidade da região, que, por sua vez, estimulam as glândulas sebáceas e podem potencializar a acne. Em consultório, também acompanhamos a irritação em volta dos lábios, culpa de uma substância da saliva responsável por digerir proteínas", conta a dermatologista Valéria Campos, de São Paulo.

Com a redução do uso, os quadros tendem a melhorar espontaneamente em razão da ausência desse vapor e do calor. Entretanto, em caso de persistência ou quadros mais severos, é possível associar a um tratamento com produtos voltados à recuperação da barreira cutânea, desinflamação das espinhas e combate aos comedões. "A limpeza de pele e o uso de ácido salicílico com antioxidantes ajudam bastante. Já para quem está com hiperpigmentação podemos apostar em lasers ou skincare personalizado. Também vale investir em bons hidratantes labiais", diz a especialista.

Outro ponto de atenção é que boa parte das pessoas deixou de usar o protetor solar em razão do uso da máscara, justamente por acreditar que não seria necessário. "Vi acontecer com cerca de metade dos meus pacientes, mas acho importante lembrar que o sol não dá trégua, passa pelas janelas e alcança o rosto todo uma hora ou outra. Além disso, a maior incidência de câncer de pele acontece no terço superior da face, justamente a área descoberta", explica.

Segundo ela, é a hora de retomar o cuidado com a pele, inclusive nos casos de quem deixou de usar produtos com medo de reagirem à máscara. "Com a pele descoberta, é importante focar na hidratação e no uso correto do protetor solar, especialmente com cor para aumentar a proteção", diz.

Saúde na balança

Apesar da liberação do uso de máscaras em alguns estados, como São Paulo e Rio de Janeiro, os especialistas divergem sobre o assunto. Na prática, se a obrigatoriedade caiu onde você mora, nada impede que você continue com a proteção, se assim desejar.

"Em ambientes com aglomeração e, inclusive, com o surgimento de uma nova variante, sigo indicando o uso de máscara. Ainda temos grupos sem vacina, como as crianças, e pessoas com maior risco diante da doença, como as imunossuprimidas e com comorbidades", defende a infectologista Giovanna Sapienza, médica do Centro de Prevenção e Vacinação Meniá em São Paulo.

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