Os adultos também podem se infectar, inclusive com chances de desenvolver a forma grave da doença. Por isso, é bastante importante se imunizar em qualquer idade. Para os mais velhos, a vacina é aplicada nos Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais (Crie), do Ministério da Saúde.
“Causada pelo poliovírus, a poliomielite é transmitida pelo contato direto entre uma pessoa saudável com outro indivíduo infectado. Seja pela via fecal-oral ou pela via oral-oral”, esclarece Célia Menezes Cruz Marques, médica da assessoria clínica de Bio-
Manguinhos, unidade produtora de imunobiológicos da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
Segundo a especialista, a primeira situação é a mais frequente e pode ocorrer por meio de objetos, alimentos e água contaminados com fezes de doentes ou portadores do vírus. A contaminação via oral-oral se dá por meio de gotículas de secreções ao falar, tossir ou espirrar.
A forma de contágio escancara como a falta de saneamento básico, as más condições habitacionais e a higiene pessoal precária constituem fatores que favorecem a transmissão do vírus. E em um país onde pouco mais de 53% da população tem acesso a coleta de esgotos e 83% dos brasileiros têm abastecimento de água tratada, segundo dados de 2018 do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), existe um grande potencial para o micro-organismo causador da pólio se alastrar.
“Após o vírus entrar no organismo, ele pode produzir uma inflamação nos nervos e na medula, impedindo, geralmente, os movimentos dos membros inferiores. O diafragma, entretanto, também pode ser atingido, levando a pessoa infectada a insuficiência respiratória e até a morte”, afirma Giovanna Sapienza, médica infectologista do Centro de Prevenção Meniá e do Hospital Santa Isabel, ambos em São Paulo.
De olho nos sintomas
A poliomielite pode apresentar-se sob diferentes formas clínicas. Em 90% a 95% dos casos, a doença é assintomática. Já para 5% das pessoas que se infectam, os sinais são muito parecidos com qualquer infecção viral, como febre, cefaleia, tosse, coriza, vômito, dor abdominal e diarreia. “Há, também, a pólio que pode evoluir para um quadro de meningite, o que ocorre em cerca de 1% das infecções. E, finalmente, a mais conhecida, a paralítica, que acomete em torno de 1 a 1,6% dos infectados, e tem características clínicas típicas, que permitem sugerir o diagnóstico de poliomielite, que é a instalação súbita da deficiência motora, acompanhada de febre”, explica Célia.
Não existe tratamento para a paralisia infantil. Apenas terapias contra os sintomas. Por isso, mais uma vez, a imunização é tão importante. “A vacina atua induzindo o indivíduo a produzir os anticorpos contra o vírus. Então, quando a criança entrar em contato com o micro-organismo, esse agente infeccioso vai penetrar pela via oral. Porém, os anticorpos, que estão sendo produzidos no intestino, irão impedir que este vírus seja absorvido, caia na corrente sanguínea e atinja o sistema nervoso”, diz Kleber Luz, infectologista do Hospital Universitário Onofre Lopes, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (Huol/UFRN), que faz parte da Rede Ebserh (Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares).
Acesse o link do jornal Estadão: https://saude.estadao.com.br/noticias/geral,o-virus-tambem-pode-afetar-adultos,70004070899