Meniá

Vacinação HPV

12 de agosto de 2019

O HPV (Papiloma Vírus Humano) é um vírus com transmissão predominantemente por via sexual. Está relacionado casos de câncer de colo de útero, além de câncer de vulva, vagina, ânus, pênis e orofaringe; além de ser também responsável pelas verrugas genitais conhecidas como condiloma acuminado.

O HPV é encontrado em uma alta freqüência na população brasileira. Um estudo do Ministério da Saúde (Projeto Pop – Brasil: Estudo epidemiológico sobre a prevalência nacional de infecção pelo HPV) avaliou a preponderância do HPV e seus diferentes tipos em mais de 6.300 amostras válidas, o que resultou em uma prevalência geral de 53,6% do HPV entre a população participante, sendo 54,6% na população feminina e 51,8% na masculina.

O Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA) e o Ministério da Saúde (MS) estimam a ocorrência de cerca de 600 mil casos novos de câncer no Brasil em 2018, sendo 16.370 de colo do útero (o terceiro mais comum entre as mulheres no nosso meio), sendo a infecção pelo vírus do papiloma humano (HPV) a responsável por praticamente todos os casos de câncer do colo do útero. O HPV também está associado a 90% dos casos de câncer anal, 71% dos casos de câncer de vulva e de pênis, e é responsável por 72% dos casos de cânceres de orofaringe.

Os tipos mais comuns de HPV e responsáveis por quase a totalidade das doenças associadas a ele são os tipos 6, 11, 16 e 18. O HPV6 e o HPV11 são considerados de baixo risco para causar tumores, mas responsáveis pela maioria dos casos de verrugas genitais e anais; já o HPV16 e o HPV18 são de alto risco.

O HPV é um vírus altamente transmissível, que se aloja tanto na mucosa quanto na pele da região genital, por isso o preservativo, apesar de evitar muitas transmissões do HPV e prevenir outras doenças sexualmente transmissíveis, nem sempre evita a contaminação pelo vírus. Desse modo, a melhor forma de combater sua disseminação é vacinar a população não contaminada.

Existem dois tipos de vacina contra o HPV, a quadrivalente, recomendada para meninos e meninas entre nove e 26 anos de idade e a bivalente, para meninas e mulheres a partir dos 10 anos de idade. Todos os indivíduos nesta faixa etária deveriam receber a vacina. Hoje, sabe-se que a resposta imunológica à vacina é melhor quando aplicada até os 15 anos de idade, o que não contra indica a sua aplicação para os demais.

Os meninos devem receber a vacina para sua proteção contra os canceres de pênis, ânus e garganta e contra as verrugas genitais. Além disso, por serem os responsáveis pela transmissão do vírus para suas parceiras, ao receber a vacina estão colaborando com a redução da incidência do câncer de colo de útero e vulva nas mulheres.

A vacina contra HPV bivalente é composta pelos vírus 16 e 18, responsáveis por 70% dos casos de câncer de colo de útero. A vacina contra HPV quadrivalente é composta pelos vírus 16, 18, 6 e 11, os 2 últimos causadores das verrugas genitais em 90% dos casos.

O principal efeito colateral desta vacina é a dor no local da aplicação. Pode ocorrer febre e mal estar nos primeiros dias, mas são efeitos pouco comuns.

A vacina pode e deve ser recebida por todos, mesmo aqueles que já iniciaram a vida sexual ativa. Recomenda-se a vacinação antes para uma prevenção mais eficaz, mas não existe nenhuma contraindicação para quem já é sexualmente ativo.

A vacina quadrivalente, que protege exatamente contra os quatro tipos mais comuns do vírus, está disponível em duas doses, que devem ser tomadas com intervalo de seis meses, gratuitamente pelo SUS para meninas de 9 a 14 anos, para meninos de 11 a 14 anos, para pessoas de 9 a 26 anos com HIV/Aids e para pacientes oncológicos ou transplantados (este último grupo precisa de prescrição médica para vacinar-se e teve tomar três doses da vacina, com intervalo de 0, 2 e 6 meses).

Portanto, a recomendação é bastante clara, quanto mais pessoas vacinadas, menos infecções pelo HPV e menos doenças associadas a ele. A regra vale para qualquer doença infecciosa cuja vacina esteja recomendada, mas, no caso do HPV, ainda parece encontrar resistência entre parte da população por estar relacionada a um tema que ainda é tabu: o sexo.

 

Elisa Maria Beirão

Infectologista

CRM 86437

Newsletter

Preencha o formulário abaixo e seja avisado quando lançarmos materiais novos.